Bíblia, Igreja e Fé – Perguntas e respostas.

Nesta página estão postadas todas as perguntas feitas no grupo ‘Bíblia, Igreja e Fé – Pergunte e Responderemos’ e as respectivas respostas. 

O objetivo é manter este conteúdo como material de laboratório, de estudos e de formação.

1. Como nós podemos também, na fé, realizar os milagres que Jesus fazia?

PERGUNTA:

Joao Alberto Fremann Zacharias

Jesus, homem como nós?

Algo que sempre me inquietou, foi a forma como Jesus se portava como pessoa humana que também era. Mas, Jesus como Deus, fez milagres enormes que certamente causou espanto naqueles que conviviam com ele diariamente e testemunharam esses milagres realizados. Então o que me intriga é: Jesus afirma: “Vocês viram os milagres que realizei, pois vocês poderão realizar milagres maiores que esses (João 14,12); Jesus abdicou de seus poderes sobrenaturais para mostrar como nós podemos também, na fé, realizar esses milagres?

RESPOSTAS:

Márcia Resck

Olá João Alberto, partilhamos com você e com os dem@is de que as curas são sinais da presença amorosa e atuante de Deus nos acontecimentos e na vida das pessoas, mas não é uma ação unilateral de Deus, é fruto da fé, do acreditar, da capacidade de despertar dentro de si e nos outros o agir divino, como força que nos transforma, de um poder que está além de nós e que é capaz de realizar o impossível. Crer é despertar a nossa própria energia vital. É superar o medo e ativar nosso poder interior. Desse modo fé não é magia, mas é uma opção, uma reorientação de nossa vida. A ação curativa de Jesus era antes fruto da fé das pessoas, várias vezes ele mesmo exigia a força da fé antes da cura, ou dizia depois da cura que ela fora consequência da fé das pessoas (MT 8, 10.13.26; 9,2.22.28-29; 13,58; 14,31; 15,28; 17,20; 21,21-22; Lc 7,50; 17,19; 18,42; Jô 14,12).

Essa visão sobre as curas de Jesus ajuda-nos a superar a fé mágica ainda muito presente. Espera-se uma solução de Deus como se ele fosse mágico. O agir divino não produz magia, ele opera em quem deixa que Sua ação o transforme.

Jesus curava a mudez de pessoas que foram emudecidas pela ideologia dominante da época, de modo que passavam a dizer sua própria palavra. E ao falarem sua palavra, passavam a ser outras pessoas, ou melhor, a serem elas mesmas, porque entes é que eram outras, diziam a palavra de outras.

Jesus foi além, não curava somente a mudez, mas também a surdez. As pessoas não apenas passavam a ouvir, mas eram capazes de escutar com seus próprios ouvidos. Passavam a escutar coisas que antes lhes passavam despercebido. Curava também a cegueira, as pessoas passavam a não somente ver as coisas, mas enxergava a vida como ela é, sem máscara, sem camuflagem. Passavam a enxergar cada vez mais claramente, como num processo de tomada de consciência. Viam com seus próprios olhos. Não mais sob a ótica do olhar hegemônico de então.

E como conseqüência desse novo falar, dessa nova maneira de escutar e desse novo jeito de enxergar, as pessoas passavam a discernir com sua própria consciência. Passavam a ser donas de seu pensar. A mentalidade que dominava suas mentes era “expulsa” e começavam a fazer suas próprias escolhas conscientemente, conforme Mc 5, 1-20.

Resultado disso tudo era que voltavam a caminhar com suas próprias pernas, sua paralisia era curada e já não eram mais pessoas manipuladas como fantoches, mas tornavam-se sujeitos do seu próprio caminhar, da sua história.

Todas as curas de Jesus, na verdade, é sua luta contra o poder do anti-reino que está instalado no coração, na consciência e no corpo das pessoas, impedindo-as de serem elas mesmas, de pensarem por si, de falarem sua palavra, de escutarem com seus ouvidos, de enxergarem com seus próprios olhos, por fim, de serem sujeitos de sua própria caminhada.

Como vimos, nós também podemos continuar a ação curativa de Jesus, ajudando as pessoas a serem sujeitos de sua própria cura e lutar para resolver as causas que as tornam doentes e dependentes, podemos valorizar cada pessoa, devolvendo-lhe sua autoconfiança, sua auto-estima, para serem sujeitos de sua própria existência.

(Resposta baseada no Livro de: Ildo Bohn Gass, Uma Introdução à Bíblia-Período Grego e Vida de Jesus. São Paulo: Paulus/CEBI V. 6, 2005, p. 183-185)

Antonio Gazato Neto

MILAGRES

Milagre para mim é ver a chuva molhar os campos e reacender aquele cheiro bom de terra molhada, cheiro de banho de natureza, que faz brotar sementes e até sonhos…

Milagre é olhar o céu e ver aquele mundão de estrelas, ali, tudo juntinho sem competir, sem se esbarrar e sem nenhuma empatar o brilho da outra…

Milagre é essa diversidade de flores que Deus planta pra aqui e pra acolá, só para colorir o caminho da gente assim como quem não quer nada, mas querendo nos ver felizes…

Milagre é tudo que o homem inventou com a inspiração que Deus deu, telefone, luz elétrica, rádio, TV, cinema, etc. Eu não sei como isso funciona e nem quero aprender, mas que é milagre É..

Milagre é o que a genética faz: De uma coisa piquititinha de nada, cria um embrião que vira pessoa, e que Deus aprova, porque a alma é Ele que coloca…

Milagre para mim é esse mundão sem porteira, sem eira, sem ter um canto para o vento fazer a curva sem ter começo delimitado e nem fim…

Milagre é quando olho para meus filhos e vejo traços físicos meus, quando adentro suas almas e vejo traços de anjos, aí eu agradeço a Deus infinitas vezes, por esse milagre…

Milagre é a inocência das crianças que falam na cara da gente o que pensam. Pequeno Buda de 6 anos, falou que Deus é bom porque faz nuvens com forma de bichinhos fofos….

Milagre é acordar de manhã, abrir a janela e ver o amanhecer lindo que Deus coloriu, cada dia de um jeito, faz tudo com capricho e carinho. Ah, acordar já é milagre, e dos maiores…

Milagre é quando Deus se esquece de dar um irmão pra gente, ai Ele acode e dá o irmão com o nome de amigo esse é um dos milagres que eu adoro receber…

Milagre é quando alguém que amamos, sem querer, despedaça o nosso coração em um fantastilhão de pedaços, e a gente pensa que vai morrer. Ai aparece alguém com uma cola mágica e conserta.

Milagre é ser um doador de órgãos, pois quando Deus chama para voltar para casa, só chama o espírito, e esse chega perfeito, se do corpo ficar algo é para aperfeiçoar uma outra vida…

Milagre é a natureza que a neve mata ou o fogo destrói, ai nasce tudo de novo sem se importar se vai ser destruída novamente, acho esse milagre lindo!

Milagre é quando vejo pessoas ajudando as vítimas da fome, do frio, do desabrigo e do desamor tem gente que chama isso de solidariedade, eu chamo de milagre…

Milagre é essa tal de internet que fez minha mensagem chegar até você que às vezes não conheço o rosto, o nome, e nem sei dos sonhos…

Agora, se te fiz feliz, ganhei o dia e o aval de Deus!

(Texto: Lady Foppa)

Rachel Abdalla

‎Gazato, que texto maravilhoso! Conseguiu traduzir em lindas palavras os milagres que Jesus disse que poderíamos fazer com os olhos da fé, um coração cheio de amor e uma vontade imensa de contribuir com Ele.:)

Antonio Gazato Neto

Oi Rachel, esse texto me parece que resume bem a resposta à pergunta do João Alberto. Deus nos dá a capacidade de continuar realizando milagres, só que eles parecem que se tornaram tão corriqueiros que nós, seres humanos, na prepotência do “eu fiz”, “eu inventei”, “eu criei”, “eu sou o cara”, etc., nos esquecemos que recebemos essa capacidade do Criador Único. Se paramos para pensar um pouco, senão todos, boa parte dos milagres realizados por Jesus já foram ou estão sendo reproduzidos pela humanidade. De outras formas, mas estão. O homem já conseguiu realizar o milagre de voar, de curar a lepra, de curar vários tipos de mudez, audição e visão, de multiplicar alimentos com técnicas avançadas de cultivo, de curar vários tipos de paralisia física, etc. Quem tiver ouvidos, ouça, quem tiver olhos, veja, …

Só para complementar, vou replicar aqui um post que fiz no conta-gotas: “Precisamos saber o que podemos esperar de nossas próprias forças e o que podemos e devemos esperar de Deus. Deus e o ser humano nunca atuam separados. Deus não tem outros braços senão os nossos.” (Boff. L. A Oração de São Francisco. Sextante 1999, p. 27). – Em outras palavras, depois de Jesus, Deus se utiliza do ser humano para continuar fazendo “milagres”.

Os dons espirituais são distribuídos pelo Espírito Santo de acordo com o seu propósito, que é soberano. Dessa forma, observa-se que o objetivo dos dons é o serviço à Igreja e a seus membros e jamais se devem usar para a exaltação própria (BÍBLIA, 1Co 12.11).
O Livro digital Dons Espirituais é uma obra completa sobre os dons espirituais ensinado na Bíblia.
Aprenda de uma vez por todas tudo sobre os dons espirituais e dons naturais.
Possui alguns testes para você identificar seus dons.

1. Como nós podemos também, na fé, realizar os milagres que Jesus fazia?

 

PERGUNTA:

Joao Alberto Fremann Zacharias

Jesus, homem como nós?

Algo que sempre me inquietou, foi a forma como Jesus se portava como pessoa humana que também era. Mas, Jesus como Deus, fez milagres enormes que certamente causou espanto naqueles que conviviam com ele diariamente e testemunharam esses milagres realizados. Então o que me intriga é: Jesus afirma: “Vocês viram os milagres que realizei, pois vocês poderão realizar milagres maiores que esses (João 14,12); Jesus abdicou de seus poderes sobrenaturais para mostrar como nós podemos também, na fé, realizar esses milagres?

RESPOSTAS:

Márcia Resck

Olá João Alberto, partilhamos com você e com os dem@is de que as curas são sinais da presença amorosa e atuante de Deus nos acontecimentos e na vida das pessoas, mas não é uma ação unilateral de Deus, é fruto da fé, do acreditar, da capacidade de despertar dentro de si e nos outros o agir divino, como força que nos transforma, de um poder que está além de nós e que é capaz de realizar o impossível. Crer é despertar a nossa própria energia vital. É superar o medo e ativar nosso poder interior. Desse modo fé não é magia, mas é uma opção, uma reorientação de nossa vida. A ação curativa de Jesus era antes fruto da fé das pessoas, várias vezes ele mesmo exigia a força da fé antes da cura, ou dizia depois da cura que ela fora consequência da fé das pessoas (MT 8, 10.13.26; 9,2.22.28-29; 13,58; 14,31; 15,28; 17,20; 21,21-22; Lc 7,50; 17,19; 18,42; Jô 14,12).

Essa visão sobre as curas de Jesus ajuda-nos a superar a fé mágica ainda muito presente. Espera-se uma solução de Deus como se ele fosse mágico. O agir divino não produz magia, ele opera em quem deixa que Sua ação o transforme.

Jesus curava a mudez de pessoas que foram emudecidas pela ideologia dominante da época, de modo que passavam a dizer sua própria palavra. E ao falarem sua palavra, passavam a ser outras pessoas, ou melhor, a serem elas mesmas, porque entes é que eram outras, diziam a palavra de outras.

Jesus foi além, não curava somente a mudez, mas também a surdez. As pessoas não apenas passavam a ouvir, mas eram capazes de escutar com seus próprios ouvidos. Passavam a escutar coisas que antes lhes passavam despercebido. Curava também a cegueira, as pessoas passavam a não somente ver as coisas, mas enxergava a vida como ela é, sem máscara, sem camuflagem. Passavam a enxergar cada vez mais claramente, como num processo de tomada de consciência. Viam com seus próprios olhos. Não mais sob a ótica do olhar hegemônico de então.

E como conseqüência desse novo falar, dessa nova maneira de escutar e desse novo jeito de enxergar, as pessoas passavam a discernir com sua própria consciência. Passavam a ser donas de seu pensar. A mentalidade que dominava suas mentes era “expulsa” e começavam a fazer suas próprias escolhas conscientemente, conforme Mc 5, 1-20.

Resultado disso tudo era que voltavam a caminhar com suas próprias pernas, sua paralisia era curada e já não eram mais pessoas manipuladas como fantoches, mas tornavam-se sujeitos do seu próprio caminhar, da sua história.

Todas as curas de Jesus, na verdade, é sua luta contra o poder do anti-reino que está instalado no coração, na consciência e no corpo das pessoas, impedindo-as de serem elas mesmas, de pensarem por si, de falarem sua palavra, de escutarem com seus ouvidos, de enxergarem com seus próprios olhos, por fim, de serem sujeitos de sua própria caminhada.

Como vimos, nós também podemos continuar a ação curativa de Jesus, ajudando as pessoas a serem sujeitos de sua própria cura e lutar para resolver as causas que as tornam doentes e dependentes, podemos valorizar cada pessoa, devolvendo-lhe sua autoconfiança, sua auto-estima, para serem sujeitos de sua própria existência.

(Resposta baseada no Livro de: Ildo Bohn Gass, Uma Introdução à Bíblia-Período Grego e Vida de Jesus. São Paulo: Paulus/CEBI V. 6, 2005, p. 183-185)

Antonio Gazato Neto

MILAGRES

Milagre para mim é ver a chuva molhar os campos e reacender aquele cheiro bom de terra molhada, cheiro de banho de natureza, que faz brotar sementes e até sonhos…

Milagre é olhar o céu e ver aquele mundão de estrelas, ali, tudo juntinho sem competir, sem se esbarrar e sem nenhuma empatar o brilho da outra…

Milagre é essa diversidade de flores que Deus planta pra aqui e pra acolá, só para colorir o caminho da gente assim como quem não quer nada, mas querendo nos ver felizes…

Milagre é tudo que o homem inventou com a inspiração que Deus deu, telefone, luz elétrica, rádio, TV, cinema, etc. Eu não sei como isso funciona e nem quero aprender, mas que é milagre É..

Milagre é o que a genética faz: De uma coisa piquititinha de nada, cria um embrião que vira pessoa, e que Deus aprova, porque a alma é Ele que coloca…

Milagre para mim é esse mundão sem porteira, sem eira, sem ter um canto para o vento fazer a curva sem ter começo delimitado e nem fim…

Milagre é quando olho para meus filhos e vejo traços físicos meus, quando adentro suas almas e vejo traços de anjos, aí eu agradeço a Deus infinitas vezes, por esse milagre…

Milagre é a inocência das crianças que falam na cara da gente o que pensam. Pequeno Buda de 6 anos, falou que Deus é bom porque faz nuvens com forma de bichinhos fofos….

Milagre é acordar de manhã, abrir a janela e ver o amanhecer lindo que Deus coloriu, cada dia de um jeito, faz tudo com capricho e carinho. Ah, acordar já é milagre, e dos maiores…

Milagre é quando Deus se esquece de dar um irmão pra gente, ai Ele acode e dá o irmão com o nome de amigo esse é um dos milagres que eu adoro receber…

Milagre é quando alguém que amamos, sem querer, despedaça o nosso coração em um fantastilhão de pedaços, e a gente pensa que vai morrer. Ai aparece alguém com uma cola mágica e conserta.

Milagre é ser um doador de órgãos, pois quando Deus chama para voltar para casa, só chama o espírito, e esse chega perfeito, se do corpo ficar algo é para aperfeiçoar uma outra vida…

Milagre é a natureza que a neve mata ou o fogo destrói, ai nasce tudo de novo sem se importar se vai ser destruída novamente, acho esse milagre lindo!

Milagre é quando vejo pessoas ajudando as vítimas da fome, do frio, do desabrigo e do desamor tem gente que chama isso de solidariedade, eu chamo de milagre…

Milagre é essa tal de internet que fez minha mensagem chegar até você que às vezes não conheço o rosto, o nome, e nem sei dos sonhos…

Agora, se te fiz feliz, ganhei o dia e o aval de Deus!

(Texto: Lady Foppa)

Rachel Abdalla

‎Gazato, que texto maravilhoso! Conseguiu traduzir em lindas palavras os milagres que Jesus disse que poderíamos fazer com os olhos da fé, um coração cheio de amor e uma vontade imensa de contribuir com Ele.:)

Antonio Gazato Neto

Oi Rachel, esse texto me parece que resume bem a resposta à pergunta do João Alberto. Deus nos dá a capacidade de continuar realizando milagres, só que eles parecem que se tornaram tão corriqueiros que nós, seres humanos, na prepotência do “eu fiz”, “eu inventei”, “eu criei”, “eu sou o cara”, etc., nos esquecemos que recebemos essa capacidade do Criador Único. Se paramos para pensar um pouco, senão todos, boa parte dos milagres realizados por Jesus já foram ou estão sendo reproduzidos pela humanidade. De outras formas, mas estão. O homem já conseguiu realizar o milagre de voar, de curar a lepra, de curar vários tipos de mudez, audição e visão, de multiplicar alimentos com técnicas avançadas de cultivo, de curar vários tipos de paralisia física, etc. Quem tiver ouvidos, ouça, quem tiver olhos, veja, …

Só para complementar, vou replicar aqui um post que fiz no conta-gotas: “Precisamos saber o que podemos esperar de nossas próprias forças e o que podemos e devemos esperar de Deus. Deus e o ser humano nunca atuam separados. Deus não tem outros braços senão os nossos.” (Boff. L. A Oração de São Francisco. Sextante 1999, p. 27). – Em outras palavras, depois de Jesus, Deus se utiliza do ser humano para continuar fazendo “milagres”.

Como e desde quando o nosso calendário foi definido como antes e depois de Cristo?

Calendário gregoriano

PERGUNTA:

Georgia Abdalla

Gostaria de entender o nosso calendário. Estamos no ano 2011 D.C (depois de Cristo). Como e desde quando isso foi definido?

RESPOSTAS:

Antonio Gazato Neto  

Olá Georgia: Não tinha algo mais fácil para perguntar (rsrsrs). Humm, esse Abdalla… Mas, vamos lá, a resposta para essa pergunta é um tanto extensa, pois envolve um estudo do Calendário Romano que começa com a fundação de Roma; depois do calendário Juliano, que começa por volta de 46 a.C; e, finalmente, com o calendário gregoriano, de 1.582. Nosso espaço é curto para uma resposta completa, de forma que vou remeter você e os interessados a um artigo em pdf, que lhes poderá esclarecer a maior parte das dúvidas. Clique sobre o link para acessar: CALENDÁRIO GREGORIANO. Este artigo, embora seja muito bom, não esgota o assunto e nele voltaremos em breve, indicando novos artigos. Postem as dúvidas que permanecerem. Abraços.

Rachel Abdalla 

Muito bom o texto indicado pelo Gazato.

Para dar um gostinho a mais, segue um resumo para aqueles que tiverem o mesmo interesse, e gerar curiosodade para quem quer se aprofundar.

‘O ano 1 da Era Cristã é o ano que coincide com o ano 754 da Era de Roma, que datava seus anos a partir de sua fundação, ou seja 753 anos antes de Cristo (adaptou para 754, por uma diferença de alguns meses).Só alguns séculos após o nascimento de Cristo é que se pôs a questão de ligar este acontecimento a uma origem de contagem do tempo. A proposta foi apresentada pelo monge Dionísio o Exíguo por volta do ano 532 da nossa era. Imediatamente adotada pela Igreja, ela foi-se generalizando a todos os países católicos.

Dionísio o Exíguo supunha, de acordo com as suas investigações, que Jesus Cristo tinha vindo ao mundo em 25 de Dezembro do ano 753 de Roma e fixara, nessa data, o início da era cristã. Mas os cronologistas introduziram um atraso de sete dias, de maneira que o início da era cristã foi transferido para o dia 1 de Janeiro do ano 754 de Roma.

Atualmente parece provado que os cálculos não estavam corretos e que Cristo deveria ter nascido 5 a 7 anos antes da data em que se celebra o seu nascimento. Com efeito, essa data é posterior ao édito do recenseamento do mundo romano (ano 747 de Roma ou mais cedo) e anterior à morte de Herodes (ano 750 de Roma). Para alguns cronologistas, é sugerida a data de 747 de Roma, porque nesse ano Júpiter e Saturno estiveram em conjunção na constelação dos Peixes em Setembro e em Novembro e eles vêem neste fenômeno a “estrela de Belém”. Mas, para não perturbar a cronologia já estabelecida, foi mantida a data inicialmente proposta, embora tivesse deixado de corresponder ao significado inicial.’

Antonio Gazato Neto

Há que se fazer um reparo no texto do link. Onde consta: “Conseqüentemente, o século XXI começou no dia 1 de Janeiro do ano 2001 e terminará no dia 31 de Dezembro do ano 3000.”, leia-se: “… terminará no dia 31 de Dezembro do ano 2100”. Evidente que o autor aqui cometeu um equívoco, quando da digitação.

Georgia Abdalla

Obrigada pela rica explicação Gazato. Adorei 🙂 Consegui entender o assunto.

 

A mulher Sirio-fenícia

PERGUNTA:

3. Como entender o significado de ‘cachorrinhos’ na passagem de Mateus 15,25-27?

 

Giovanna L. Abdalla

Nesta passagem de Mateus 15,25-27:

“Aquela mulher veio prostrar-se diante de Jesus, dizendo: Senhor, ajuda-me! Jesus respondeu-lhe: Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos. Certamente, Senhor, replicou-lhe ela; mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos… Gostaria de entender o significado de ” cachorrinhos”.

RESPOSTAS:

 

Márcia Resck

Oi Giovanna e Dem@is, No tempo do Antigo Testamento, quando havia rivalidade entre os povos, um povo costumava chamar o outro povo de “cachorro” (1Sm 17,43). Também nas páginas do Evangelho há muitos povos misturados, por isso Os cachorrinhos significam o povo pagão e os filhos eram considerados o povo judeu, que tinham dificuldades em conviver com os pagãos.

Numa leitura também mais aprofundada, compreendemos a grandeza do contexto desta passagem, que denota a natureza social e religiosa da situação de homens e mulheres das classes subalternas, desvalorizadas, que se aproximam de Jesus, inconformados com sua situação, buscando um sentido para suas vidas, com fé e esperança, procurando libertação para o sofrimento, a dor e suas inquietações. Como os pagãos não tinham problema em recorrer a Jesus, a mulher Cananéia (Siro-Fenícia de nascimento) suplica a cura da filha que estava atormentada por um demônio.

Jesus responde que não podia atendê-la, mas ela concorda e insiste dizendo “mas também os cachorrinhos comem as migalhas que caem da mesa dos seus donos”, ampliando a comparação e aplicando ao seu caso (sendo pagã, de outra raça e religião) que como cachorrinho também tem direito. A mulher por insistência e pela fé, por acreditar que Jesus tem o poder de Deus para libertar do mal, foi atendida, tornando-se a grande protagonista dessa passagem.

A atitude dela abre um novo horizonte, ao sustentar um diálogo de enfrentamento em defesa de si e de outros, ultrapassa os preconceitos de gênero, raça, condição social e religiosa, desafiando corajosamente as convenções do seu tempo pelo fato de ser mulher, inclusive a própria visão da exclusividade religiosa de Jesus, que também amplia suas observações, das reações, atitudes e do que acontece no cotidiano das pessoas em sintonia com a vontade do Pai e do seu projeto de amor e vida, que é para todos os que buscam a vida e procuram libertá-la de tudo que aprisiona.

Ao curar sua filha, Jesus enfatiza e nos ensina sobre o poder do Reino de Deus contra o demônio e as doenças, entendidos como símbolos dos poderes dominantes sociais e patriarcais, que são destruidores e desumanizadores das pessoas. A cura constitui ato de restituição da dignidade perdida dos filhos de Deus, como ato de ressurreição aqui entendida como possibilidade de experimentar uma nova vida.

Espero ter clareado o entendimento! Abraços a tod@s!

Rachel Abdalla

‎Giovanna, Márcia e amig@s, encontrei algumas referências importantes de Santos Padres que repasso para vocês: Jesus foi para Tiro e Sidônia, cidades habitadas pelos gentios (não-israelitas), localizadas ao norte de Canaã. Estava indo levar ao povo cananeu a sua Palavra, o alimento que não perece.. Nesta passagem, Jesus é interpelado por uma mulher cananéia que grita na presença d’Ele, E Ele diz: “Eu fui enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel”. Neste momento, Jesus quer testar a fé daquela mulher, e ela continua a insistir; não desanima nem se afasta, mas “… aproximando-se, prostrou-se diante d’Ele e pôs-se a rogar: ‘Senhor, socorre-me!”

São João Crisóstomo escreve que a mulher perdeu a vergonha de falar com o Senhor, feliz vergonha! Por isso O segue e vem gritando atrás e se aproxima. E Jesus lhe responde e lhe diz que os judeus são os filhos, gerados e alimentados no culto de um só Deus pela lei, e quer dizer que, sendo o seu pão o Evangelho e seus milagres, não é conveniente que se tirem todas estas coisas dos filhos para dar aos gentios, aqui chamados de cachorros, por que adoram outros deuses, e são rejeitados pelos judeus. Jesus chama a mulher de cachorro. Ela não se atreveu a contradizer, nem se entristeceu pelos louvores dos outros, nem se abateu pelas coisas sensíveis que a lançaram no rosto, apenas disse: se sou cachorro, não sou estranha; me chama de cachorro e alimenta-me como a um cachorro. O que eu não posso é abandonar a mesa do meu Senhor.

Rachel Abdalla

São Jerônimo escreve: Note como esta mulher Cananéia está confiante e chama a Jesus de filho de Davi, em seguida Senhor e por último O adora. E por isto não Lhe diz: Roga ou suplica a Deus, mas, ‘ó Senhor, ajuda-me’. São louvadas a fé, a humildade e a paciência admiráveis desta mulher. A fé, porque acreditava que o Senhor podia curar sua filha. A paciência, porque fora desprezada muitas vezes e outras tantas persevera em suas súplicas. A humildade, porque não só se compara aos cachorros, mas aos cachorrinhos, e apenas diz que não merece o pão dos filhos, nem pode tomar seus alimentos, nem sentar-se à mesa com o pai, mas se contenta com o que é dado aos cachorrinhos, a fim de chegar, mediante sua humildade, até a mesa onde se serve o pão inteiro.

Rachel Abdalla

O Pe. Francisco Fernández-Carvajal comenta: “O Senhor não parece facilmente disposto a realizar milagres fora de Israel. Provavelmente encontrava-se de novo na casa, à mesa. A mulher seguiu-os todo o tempo. Diz então a esta pagã que não está bem tomar o pão dos filhos e dá-lo aos cachorrinhos. Evidentemente, os filhos são os judeus e os cachorrinhos são os pagãos. E esta mulher, que foi proposta como exemplo para as almas que não se cansam de pedir, introduz-se com suma humildade e habilidade na semelhança que acaba de ouvir dos lábios do Mestre, e conquista o seu coração: Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Ela considera-se um cachorrinho que se alimenta das migalhas que caem da mesa do seu senhor. Reconhece a superioridade do povo escolhido e a sua falta de méritos, mas confia na misericórdia de Cristo, para quem conceder esta graça é como permitir que um cachorrinho coma as migalhas da sua mesa. Com esta argumentação, Jesus não pôde continuar com a sua fingida dureza”.

Antonio Gazato Neto

Meninas, vocês estão arrasando! Pouco a se acrescentar nestas explicações tão completas. Das passagens dos Evangelhos creio que esta é a única na qual Jesus “sofre” um enfrentamento nos seus ensinamentos. E grande lição que fica é o Mestre se submetendo aos argumentos da mulher sírio-fenícia dando-lhe razão e reconhecendo que a mesa é para todos, superando as diferenças raciais e religiosas. Uma bela passagem digamos “ecumênica”, a nos apontar o caminho para superar as diferenças em busca da unidade em Cristo.

Thais Nogueira

Podemos pensar nos cachorrinhos como os mais humildes pois, na bíblia quando um rei vai oferecer um banquete ele convidava as pessoas mais importantes, e os leprosos e doente eram excluidos da sociedade então quando o rei percebe que não vem ninguém a sua festa manda chamar esses esquecidos por ele mesmo.

Rachel Abdalla

Giovanna, esperamos ter esclarecido a sua dúvida. Volte sempre!

Giovanna L. Abdalla

Esclareceram sim, muito obrigada! =)